quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dafra Apache 150

Administrar o meu tempo entre faculdade, dois empregos e quatro blogs é deveras trabalhoso. Quando somos forçados a escolher, precisamos definir prioridades e as minhas são sempre as que me rendem algum dinheiro, logo, meus blogs acabam ficando ao relento. Mas como esse não é o meu blog de cotidiano, vamos ao que interessa!

Dia desses, eu passei em frente à concessionária Dafra e vi, de relance, a nova Apache 150 no palanque. Chamou minha atenção. Fato até curioso pois, no Salão Duas Rodas, ela me passou quase que despercebida, apesar de eu ter me familiarizado com o nome.


A criança vem, de fábrica, com sistema de ignição IDI, guidão e pedal de marcha ajustáveis, lanterna traseira em LED, amortecimento a gás, painel digital e freio a disco dianteiro de 270mm. Quando colocamos em comparação às atuais concorrentes, sendo elas as mais poderosas, a Honda CG Titan 150 EX e a Yamaha YBR Factor 125, nenhuma dessas conta com essas características. Particularmente, tirei o chapéu para a idéia do guidão e pedal de marcha ajustáveis.

O desenho é tão questionável quanto o do Chevrolet Agile, já que ambos causam súbito espanto devido ao tamanho de seus globos ópticos. Como é sabido que o desenho não é brasileiro, tampouco japonês, veio seguindo tendência de algum outro país, como a Índia. E oxalá se nosso mercado de motocicletas fosse tão diversificado quanto o indiano! Essa "cabeçona" pode até levar o franzimento de muitos cenhos mas uma coisa é fato: precisamos de evolução estética. O mercado é pequeno e o luxo acaba sendo focado apenas nas motocicletas de grande porte; enquanto os consumidores de níveis inferiores precisam aceitar a generalização de motos feitas para motoboy. Com o alavancamento de novas distribuidoras, o mercado se amplia e se diversifica, abrindo espaço para novas tendências. Além de tudo, as gigantes não vão querer dar nem uma fatiazinha de seu mercado para as marcas ascendentes e serão futuramente forçadas a repensarem nos paradigmas estéticos de motos de baixa cilindrada.

Falta que eu dê uma voltinha na danada, contudo, ja a enxergo com bons olhos. Caso ela alavanque, o consumidor estará mais exigente no quesito estético e, em breve, aposentaremos de vez o velho farol redondo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Kasinski Mirage 150

Após a venda da Kasinski para a chinesa Zongshen, ficou clara a sua estratégia de investimento no segmento popular de motocicletas no mercado nacional. A marca, que tem como estrela a questionável Comet GT-R 250, apresentou no Salão Duas Rodas de 2009, algumas novidades, dentre elas, a irmã mais nova da gigante Mirage 600, a custom de pequeno porte, Mirage 150. Racionalmente, para o consumidor final, ter uma custom de baixa cilindrada é um investimento horrível e de um custo/benefício ainda pior. O investimento é ruim porque sabemos o quanto a revenda de uma moto dessas pode ser traumatizante e o (in)feliz proprietário pode acabar por revender sua moto a um preço muito mais baixo do que pagou na concessionária. O custo/benefício baixo se deve ao fato de que as motos custom, ou então, motos de tiozão, foram feitas exatamente para os tiozões. São motos dedicadas à estrada lisa e sem buracos e, de preferência, sem muitas curvas fechadas. Os pontos fortes das customs são o conforto e o design imponente, portanto, apesar da alta cilindrada, são motos feitas para viagens longas e tranquilas (no quesito velocidade). Quando eu falo custom, me refiro às customs de verdade, e não a essas mini-customs. Bem, são motos que tem sua velocidade final reduzida pelo sistema de acionamento por correias, o que não é um problema já que são motos que não foram feitas para manobras em alta velocidade, justamente porque, devido à posição de pilotagem e a distância muito pequena do solo, essas motos não se inclinam bem nas curvas quando comparadas à qualquer outro tipo de moto e a manobra do contra-esterço é quase inexistente para o piloto.

Quem já andou nas antigas Honda Shadow 500 e na falecida Yamaha Virago 1100, sabe o sofrimento que era quando se estava a mais de 100km/h e, de repente, nos víamos dentro de um buraco na pista. A reação numa XTZ, Bros, ou até mesmo CG Titan, que são motos populares, não seria tão dramática como nas nossas antigas customs que nos davam um choque físico na coluna que iríamos sentir nos próximos 20 dias. O que quero dizer, é que as grandes marcas sofreram evoluções. A Honda substitui o sistema de amortecimento da Shadow e, como é uma moto cara, reajuste no preço final a nível de segurança e conforto foram muito bem aceitos. A Yamaha, de tão queimada que a Virago ficou, a tirou de vez do mercado em todas as suas versões para substituí-la pela Drag Star e, posteriormente, pela Midnight Star e, nunca mais, se atreveu a fazer uma custom de pequena cilindrada como a Viraguinho 250 que sucumbiu justamente porque ficaria sem público alvo se passasse por um reajuste do sistema de amortecimento, já que o preço final subiria demais a ponto do público de uma 250 optar por outra mais vantajosa.
Então, temos duas coisas bem definidas em relação às customs: são motos para viagem e totalmente centradas em conforto. Sabendo disso, podemos cortar a maior parte dos elementos que fazem uma custom ser uma custom de uma mini-custom. Exemplificando: para justificar o preço baixo, uma mini-custom não tem nenhum sistema diferenciado de amortecimento, tampouco um sistema anti-vibração; a velocidade final e retomadas perdem para as concorrentes urbanas e on/off road; o conforto é questionável e a imponência é nula. Numa tentativa de redefinir o conceito das mini-customs, dá para dizer que são customs urbanas. Mas... peraí?! Aceitando uma pessoa que realmente ache o design das customs mais chamativo, valeria mesmo a pena relar os pés no chão em toda rotatória da cidade, reduzir a velocidade a 20km/h tendo que entortar a moto em todo quebra-molas para que a moto não raspe, sendo que o consumo e a velocidade final são semelhantes às concorrentes puramente urbanas, somente pelo design?! Se colocarmos numa tabela custo/benefício para motos populares, uma mini-custom perde em tudo para as urbanas e até mesmo para os scooters. Tendo como único ponto forte o design, ainda variável de pessoa para pessoa, não é um bom investimento. De qualquer maneira, como dizemos em administração: onde há público, há mercado. O brasileiro comum não é muito de pensar, não gosta de pesquisar antes de comprar e estudar as vantagens e desvantagens. Gosta mesmo é de ir na lábia do vendedor e achar que está tudo certo e, muitas vezes quando caem do cavalo por própria ignorância, recorrem ao tão lotado Procon. De qualquer maneira, essa história de Procon não tem nada a ver com a história das customs, mas exemplifica as atitudes babacas da maioria dos cidadãos desse país.

Já que há mercado, vamos às comparações. Bom, a Mirage 150 veio para bater de frente com a duvidosa Dafra Kansas 150 e a regressiva Suzuki Intruder 125. É até estranho incluir a Suzuki Intruder no critério de mini-custom já que ela está mais para CG bolinha retrô. Já exemplifiquei em outro post meu desprezo por essa oficial moto dos carteiros, tanto quanto a minha decepção com a Suzuki. É um mercado irracional, mas ele existe e estava carentíssimo até a chegada da Kansas, que apesar de ser de péssima qualidade, vende que nem água. Muitos dos que ainda estavam em dúvida para pegar uma Kansas, se sentirão mais satisfeitos com a nova Mirage que é, de longe, superior às concorrentes. Consegue vir com sistema de amortecimento bem conceituado, sistema anti-vibração e sissi-bar mantendo o preço (sugerido) de R$ 5.390,00. Além de tudo, é uma réplica bem feita da Mirage 250, dona de um desenho inquestionavelmente superior às suas concorrentes. Só deixou a desejar por vir carburada num mercado que já conhece as maravilhas da injeção eletrônica. De qualquer maneira, suas concorrentes também são carburadas. Colocando em comparação, ela ganha em tudo de todas. Talvez a revenda seja um pouco mais difícil mas para quem já está dando a cara a tapa topando uma custom urbana, revenda não é um problema, ainda mais que poderá até ser contornado já que a popularização desse segmento só cresce no país, logo, a revenda melhora.